Lameque disse: "Aquele que matar Caim será vingado sete vezes, mas aquele que matar Lameque, setenta vezes sete", e, talvez por isso, Cristo tenha dito que devemos perdoar setenta vezes sete. O perdão salva vidas. O perdão anula a vingança, e então as pessoas podem jogar pebolim e comer Cheetos™ sem medo de terem suas vidas sumariamente ceifadas. Contudo, as pessoas quase nunca perdoam, mas buscam retalhar, sobretudo quando lhes roubam o Cheetos™, e assim a realidade permanece grave e pesada. 👈
Eu li ontem um texto que dizia que Lameque estava zombando das palavras de Deus, isto é, da proteção que ele pôs sobre Caim, mas eu tenho dificuldade em acreditar nisso. A meu ver, ele estava amaldiçoando grave e preventivamente aquele que poderia vir a matá-lo, tendo em vista que a justiça, na antiguidade, não era brincadeira: matou, morreu. Se não fosse assim, Deus não teria colocado o sinal sobre Caim. No entanto, Lameque, por ter sido um monstro, digno de ser visitado por um vingador, queria uma garantia ainda melhor, como se dissesse: "Sete pessoas? De jeito nenhum! Serão setenta pessoas vezes sete! Aí ninguém me mata!" Ele, por suas palavras, talvez tenha colocado em movimento uma cadeia de acontecimentos terrível: se alguém matar Lameque, 490 pessoas morrem—mas isso apenas agravaria o problema, percebem? Deus, quando colocou um sinal sobre Caim, queria evitar o homicídio, mas Lameque, por ter pronunciado uma maldição que não fora sancionada por Deus, precisaria de uma garantia que provém, não de Deus, mas do próprio homem! Aliás, Lameque diz aquilo às suas duas mulheres (sim, ele foi o primeiro polígamo da história), para que elas, caso algum vingador o encontrasse, se encarregassem de dar um jeito no clã daquele vingador. Contudo, tendo em vista que suas palavras são injustas, um outro vingador precisaria dar cabo dos vingadores que trabalharam para Lameque, e assim um grande conflito se iniciaria (e aí poderia vir até um Dilúvio). 😐
E por isso digo: diante de um inimigo, devemos convidá-lo para tomar uma cerveja, a menos que o perigo seja iminente. Se for, devemos feri-lo, mas, se o perigo não for iminente, devemos tomar uma cerveja com ele e trocar histórias e falar sobre coisas nostálgicas da infância (que podem vir a nos aproximar). Afinal, Deus, diferente do que pensa Dennis Prager, ama todas as pessoas, até mesmo os facínoras, os ladrões e os funkeiros. Deus nos ama profundamente, e deseja que todos sejamos salvos. Nem sempre podemos lançar mão da bondade, a menos, é claro, que a nossa bondade consista em uma espada de dois gumes do tamanho de uma criança—but I digress! Devemos sempre pensar na vontade de Deus e colocá-la antes da nossa, como fez Cristo ante a iminência da Cruz. 😃